Paralisação de caminhoneiros, bloqueio de estradas, falta de combustíveis, transportes reduzidos, prateleiras vazias, alimentos com preços exorbitantes, intervenção militar. Há uma semana que os brasileiros convivem com um cenário de instabilidade e com a condução desastrosa do presidente Michel Temer nas tentativas de normalizar a situação, desencadeada pelo aumento constante dos combustíveis.
Segundo levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a Petrobras reajustou o preço da gasolina e do diesel nas refinarias por 16 vezes no período de 22 de abril a 22 de maio.
Neste contexto, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, duas das principais articulações de movimentos populares e organizações políticas do país, divulgaram no último dia 25 de maio nota em conjunto onde denunciam a política de preços dos combustíveis adotada pelo governo federal nos últimos anos como a principal responsável para o aumento do custo de vida da população brasileira, em especial dos alimentos e transportes.
Para os movimentos populares, os responsáveis diretos são Pedro Parente, atual presidente da Petrobras, e Michel Temer que, desde 2016, iniciaram a nova política de preços de paridade com os valores internacionais, o que, na prática, abriu a possibilidade de ajustes diários. Para as frentes, há um objetivo claro de desmonte e privatização da Petrobras.
A nota ainda repudia o uso das Forças Armadas como solução para a crise, o que tem sido visto como prova da incapacidade de Michel Temer de lidar com a situação. O decreto do presidente, anunciado na sexta-feira, dia 25, autoriza a ação das forças federais de segurança com multas e prisão de caminhoneiros. Exército, Aeronáutica, Marinha e Polícia Rodoviária Federal, passam a ter poder de polícia na tentativa de desmobilizar o movimento.
Na última quinta-feira, 24 de maio, o governo federal definiu um acordo com algumas lideranças que representavam interesses patronais. Das oito entidades que assinam o acordo, sete representam o empresariado do setor. Apenas uma delas, a Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas de São Paulo, de fato fala em nome dos caminhoneiros que estão parados nas rodovias.
As duas entidades mais representativas dos caminhoneiros, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros, que representa cerca de um milhão de trabalhadores, e a União Nacional dos Caminhoneiros, recusaram as propostas do governo.
Enquanto isso, a Polícia Federal abriu 37 inquéritos em 25 estados brasileiros para investigar se houve apoio de empresas de transporte à paralisação dos caminhoneiros, o chamado locaute, o que é ilegal e punível com prisão e multa.
Sem prazo para a paralisação dos caminhoneiros terminar, de acordo com a Federação Nacional dos Petroleiros, a categoria já ensaia um movimento de greve para os próximos dias. (pulsar)