O Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (CELAG) publicou, no último dia 8 de fevereiro, um relatório no qual aponta as consequências do embargo econômico aplicado à Venezuela pelos Estados Unidos e países aliados no período 2013 a 2017. Segundo Guillermo Oglieti, subdiretor do CELAG, o resultado apresentado no relatório mostra que “o principal prejudicado pelas sanções à Venezuela não é o governo venezuelano, mas, lamentavelmente, o povo venezuelano”.
Após a morte do então presidente Hugo Chávez, em 2013, o país sofreu uma queda de aproximadamente 22 bilhões de dólares em investimentos anuais. Durante os cinco anos abarcados pelo estudo, as sanções contra a Venezuela causaram um prejuízo de 350 bilhões de dólares ao país. Em termos comparativos, isso equivale a um ano e meio de paralisação em toda a produção do país.
Entre as consequências apontadas pelo estudo, está o fechamento de cerca de três milhões de postos de trabalhos, o que significa que 24 por cento da população ativa do país foi prejudicada pelos bloqueios norte-americanos.
O relatório também leva em conta a drástica queda nos preços do petróleo entre 2015 e 2016, mas conclui que em um cenário onde houvesse somente a diminuição no preço das commodities, sem o embargo, apenas dez por cento dos empregos seriam afetados.
Em 2015, Washington intensificou as pressões contra a Venezuela com a aplicação da Ordem Executiva 13808, assinada pelo então presidente Barack Obama. Uma nova onda de imposições foi conduzida em 2017, já sob o governo de Donald Trump. Com os embargos, as instituições financeiras estadunidenses passaram a recusar pagamentos em dólar realizados pela Venezuela.
Por ser um país majoritariamente produtor de petróleo, o Estado venezuelano depende da importação de diversos produtos, incluindo medicamentos e alimentos. As novas sanções impactaram diretamente nesses setores, uma vez que a compra de remessas de produtos de primeira necessidade foi bloqueada.
As mais significativas ocorreram em 2017, quando o norte-americano Citibank se negou a receber fundos destinados à compra de 300 mil doses de insulina. Em outubro do mesmo ano, o banco Suíço BNS, sob pressão do governo estadunidense, atrasou em quatro meses a entrega de vacinas.
Em novembro de 2017, a Colômbia, país que desempenha um papel central nas pressões contra a Venezuela, se recusou a entregar uma remessa de medicamentos que já havia sido paga. A compra de insumos usados para fazer hemodiálise também foi barrada.
Além disso, em dezembro de 2017, quase 30 milhões de dólares destinados à compra de alimentos foram bloqueados por bancos europeus. O bloqueio também afetou a entrega de mais de mil e 700 toneladas de pernil, que ficaram retidas na fronteira entre a Venezuela e a Colômbia.
O documento aponta ainda que é possível afirmar que “a crise humanitária usada como desculpa para a ingerência estadunidense” é um efeito causado pelo bloqueio aplicado pelos Estados Unidos, intensificado nos últimos anos.
“A suposta crise humanitária e a migração de centenas de milhares de venezuelanos têm sua origem no boicote econômico dos Estados Unidos e seus aliados. No entanto, o governo dos Estados Unidos justifica uma possível intervenção humanitária [para solucionar] o que o seu bloqueio, precisamente, teria criado”, afirma o relatório. (pulsar/brasil de fato)